27 julho 2007

O problema português por Manuel Monteiro

O portelense Manuel Monteiro que chefia a redação do Noticias da Portela, já nos habituou ao seu bom trabalho e o editorial do seu ultimo numero lá apareceu no Diario de Noticias.
O economista Ernâni Lopes afirmou, há uns anos, numa entrevista ao Expresso que enquanto os pais puserem cunhas aos filhos para terem um bom emprego e enquanto os filhos só se preocuparem em tirar boas notas e não em aprenderem; a economia portuguesa não avançará.
A maioria dos portugueses não concorda com Ernâni Lopes. Os políticos que nos governam (houve algum que tivéssemos gostado?) são os responsáveis pelo desemprego, pela crise económica, pelo atraso profundo do país. Eles e os funcionários públicos.
O Cavaco era um insensível social, o Guterres um titubeante, o Durão um obcecado com o défice, o Santana Lopes um irresponsável, o Sócrates um propagandista.
A visão de Ernâni Lopes é muito interessante, especialmente porque vem de dentro da ciência económica. Regra geral, os economistas atribuem os problemas da economia a coisas abstractas como o défice orçamental ou a despesa pública.
Esquecem-se que se cada um dos empresários se demitir de inovar, se cada um dos trabalhadores se demitir de se esforçar, se cada um dos portugueses se demitir de apostar no seu capital intelectual; não há políticas que resistam. Um lugar-comum que muitos economistas parecem ignorar: a economia é feita de pessoas.
A mentalidade portuguesa é inimiga da produtividade. Em Portugal, impera a cultura do desenrascanço e do chico-espertismo.
O contribuinte que consiga sacar uns dinheiros ao Estado com uns truques nas declarações de impostos fá-lo orgulhosamente. O estudante que possa fazer telefonemas pessoais da Associação de Estudantes fá-lo para não ser o totó que não usufrui do telefone. O contabilista ou advogado que possa cobrar os seus elevados serviços mínimos fá-lo mesmo que tenha perdido apenas dois minutos do seu preciosíssimo tempo. O técnico da Internet que lide com um leigo em informática, despudoradamente inventará um problema exógeno à sua empresa para se descartar de trabalho. O comercial do banco que venha a ganhar uma comissão choruda com a venda de um determinado cartão, tentará impingi-lo por menos que se adeqúe ao perfil do cliente (é que para além do dinheiro, ainda servirá de graçola ao almoço).
Pois é...vamos todos de férias.

2 Comentários:

Blogger funk disse...

obrigado

o próprio

9:00 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Tenho acompanhado o seu trabalho, gosto muito dos seus editoriais. Parabéns!

11:09 da manhã  

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