Produtos Portugueses como Medronho ou Carolo de Milho vão ganhar nova vida
Produtos endógenos como ouriços-do-mar, marmelos, algas de Peniche ou
carapau seco, "esquecidos" pelos portugueses, vão ser reaproveitados em
experiências gastronómicas, num projeto que pretende revalorizar estes
alimentos.

| Medronho produzido na serra de Monchique, no Algarve "Os produtos endógenos foram outrora utilizados na nossa mesa e cadeia alimentar, mas foram ficando esquecidos por vários fatores", tais como a industrialização de processamento de produtos e a regulação, que impõe exigências de calibre ou de aparência, disse à Lusa um dos mentores do projeto "Endògenos", Nuno Nobre, que se juntou a António Alexandre, chefe executivo do hotel Marriott Lisboa e do restaurante 100 Vícios, em Cascais. |
"Um dos desafios é fomentar a continuidade junto dos produtores, para que mantenham a tradição da produção, com a arte antiga e tradicional, ou também com novos processos, mais inovadores", descreveu Nuno Nobre, explicando que a ideia não é massificar o consumo destes produtos.
Estes produtos, continuou, "não devem ser trabalhados pela grande distribuição, que aliás é um dos canais responsáveis pelo desaparecimento destes produtos e destes produtores, devido aos critérios que impõem".
Os dois mentores do projeto elegeram vários produtos endógenos, entre os quais o medronho, pevides de abóbora, carolo de milho, cracas, cavacos, dióspiros, pepino-do-mar, camarinha ou couve penca, que o chefe António Alexandre vai "trabalhar" para apresentar menus em que cada um destes alimentos é predominante.
O projeto "Endògenos" prevê a realização mensal de iniciativas para divulgar estes produtos, realizadas em parceria com as câmaras municipais de regiões onde determinados alimentos são mais típicos e com um operador turístico, que está a promover viagens enogastronómicas -- "Milhas de Sabores" - dentro do país.
São os casos das deslocações à Nazaré para descobrir o carapau seco, a Peniche para conhecer as algas ou a Odivelas para aprender como se faz a marmelada branca no interior do mosteiro.
O próximo evento decorre esta sexta-feira, com um jantar no restaurante 100 Vícios, em que o endógeno em destaque será o ouriço-do-mar, complementado por outros dois: enchidos e batata-doce.
"Ele é esquisito, primitivo, espinhoso e de bonito não tem muito. Mas, se formos mais além dos espinhos, vamos descobrir a delícia escondida dentro de um equinoderme; ouriço-do-mar, para os mais chegados", descreve o projeto sobre o jantar desta sexta-feira.
Nuno Nobre, que nos tempos livres se dedica à pesca e caça submarina, ilustra o sabor deste produto do mar desconhecido da maior parte dos portugueses: "O ouriço é como as ondas a rebentar na nossa boca".


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