As palmeiras ainda podem ganhar a guerra contra o escaravelho-vermelho
Insecto que devora estas plantas já foi do Algarve ao Minho e está
mais resistente, obrigando os investigadores a procurar novos
tratamentos. O abate custa anualmente milhares de euros às câmaras.
Para Filomena Caetano, a guerra contra o escaravelho-vermelho não está perdida. “Espanha tem o insecto desde 1996 e ainda tem palmeiras. Mas se não fizermos os tratamentos, as palmeiras das canárias [Phoenix canariensis, a espécie mais atingida] vão acabar”, vaticina.
Do Algarve ao Minho em três anos
Em Portugal, o primeiro ataque detectado foi em Vale da Parra, na Guia (Albufeira). Depois de atingir todos os concelhos do Algarve, o insecto foi subindo no mapa, incluindo no interior do país. Chegou ao Centro e à Madeira em 2008, à região de Lisboa e Vale do Tejo em 2009, ao Alentejo e ao Norte em 2010. O problema é que se basta uma palmeira não tratada para infestar todas as outras num raio de uma dezena de quilómetros.
Para o escaravelho, as palmeiras são alimento para quatro ou cinco meses, o tempo que o insecto demora a desenvolver-se. Cada fêmea põe 200 a 300 ovos. Uma palmeira pode albergar até 1000 indivíduos prontos a voar – e podem voar durante cinco a dez quilómetros sem parar, contra o vento. Por vezes, apanham boleias, alerta Carlos Gabirro: “Tenho visto pessoas a porem os restos das palmeiras à porta de casa e é um erro muito grande. Os restos libertam odor, que chama mais insectos, e depois são recolhidos pelos camiões dos serviços camarários. No caminho, a praga espalha-se”.
Não se sabe quantas palmeiras já morreram, mas serão muitas centenas, que se traduzem em milhares euros de prejuízo para câmaras e privados. Em Lisboa, por exemplo, a câmara tem cerca de 600 palmeiras em tratamento e já abateu 359, tendo gasto 180 mil euros. O custo médio do abate e remoção dos resíduos infestados (sem incluir o custo de incineração) varia entre os 350 euros e os 1500 euros. A autarquia tem mais 1288 plantas sinalizadas para abate – das quais 693 estão em terreno privado. E até as palmeiras do jardim da residência oficial do primeiro-ministro, no Palácio de S. Bento, já foram atingidas. O caso já foi comunicado às autoridades.
“Os municípios à volta de Lisboa não têm feito o trabalho de casa”, denunciou o vereador dos Espaços Verdes numa reunião da câmara da capital, José Sá Fernandes, em Janeiro. Mas em Cascais e em Oeiras, por exemplo, as câmaras garantem ter as suas palmeiras debaixo de olho: em cada um dos concelhos foram abatidas 28 plantas desde que a praga foi detectada.
Abates no Porto e em Coimbra
No Porto, a câmara anunciou em Janeiro que está a tentar salvar as 63 palmeiras centenárias do Jardim do Passeio Alegre, classificadas como Árvores de Interesse Público. Em Dezembro foram abatidas 35 noutros pontos da cidade. Em Coimbra, o vereador do Ambiente, Luís Providência, admitia à Lusa que o problema é “dramático”. A câmara teve já de abater palmeiras históricas no Parque da Cidade, “algumas quase centenárias” e com pelo menos 20 metros de altura, afirmou. Também na Av. Sá da Bandeira, onde as palmeiras são uma “imagem de marca”, houve abates.
Só em Janeiro desde ano, a Câmara de Lisboa mandou abater 37 palmeiras infestadas
A luta começou há sete anos e está para durar. Desde que entrou no país, o escaravelho-vermelho (Rhynchophorus ferrugineus)
já dizimou milhares de palmeiras, muitas centenárias, em quase todo o
território continental e até na Madeira. Apenas os Açores escapam. O
insecto parece imbatível: resiste cada vez mais aos tratamentos e
aproveita qualquer descuido dos proprietários das plantas para atacar.
Mas há quem esteja à procura de novas armas para dar a vitória às
palmeiras.
Este besouro devorador originário da Ásia, que
pode atingir os 4,5 centímetros, tem atacado sobretudo os concelhos do
litoral. Foi aí que as palmeiras, embora não sejam uma espécie
autóctone, se tornaram nas últimas décadas imagens de marca que lembram
paisagens tropicais. Muitas são centenárias e têm elevado valor
patrimonial: uma palmeira de 12 ou 13 metros pode valer 30 a 40 mil
euros, segundo Carlos Gabirro, sócio-gerente da Biostasia, empresa
que faz controlo da praga nas palmeiras da Câmara de Lisboa.

“São plantas que vendem turismo”, nota Filomena Caetano, coordenadora do Laboratório de Patologia Vegetal do Instituto Superior de Agronomia (ISA). Esta investigadora está a estudar novos tratamentos biológicos contra a praga. Isto porque o insecto parece ter aprendido a resistir aos químicos e ao nemátodo (um microrganismo que só ataca insectos).
“Quando
as palmeiras são abatidas, recolhemos os casulos dos escaravelhos,
abrimos e retiramos os insectos que estão mortos para analisar em
laboratório, isolando a parte exterior e o intestino”, explica. Estão em
estudo dois fungos – um do género Beauveria e outro do género Metarhizium
– que foram encontrados em insectos no território nacional. “Além disso
estamos a estudar fungos próprios das palmeiras, porque há uma ligação
entre os insectos e determinados fungos que matam as plantas”,
acrescenta.

“São plantas que vendem turismo”, nota Filomena Caetano, coordenadora do Laboratório de Patologia Vegetal do Instituto Superior de Agronomia (ISA). Esta investigadora está a estudar novos tratamentos biológicos contra a praga. Isto porque o insecto parece ter aprendido a resistir aos químicos e ao nemátodo (um microrganismo que só ataca insectos).
Para Filomena Caetano, a guerra contra o escaravelho-vermelho não está perdida. “Espanha tem o insecto desde 1996 e ainda tem palmeiras. Mas se não fizermos os tratamentos, as palmeiras das canárias [Phoenix canariensis, a espécie mais atingida] vão acabar”, vaticina.
Do Algarve ao Minho em três anos
Em Portugal, o primeiro ataque detectado foi em Vale da Parra, na Guia (Albufeira). Depois de atingir todos os concelhos do Algarve, o insecto foi subindo no mapa, incluindo no interior do país. Chegou ao Centro e à Madeira em 2008, à região de Lisboa e Vale do Tejo em 2009, ao Alentejo e ao Norte em 2010. O problema é que se basta uma palmeira não tratada para infestar todas as outras num raio de uma dezena de quilómetros.
Para o escaravelho, as palmeiras são alimento para quatro ou cinco meses, o tempo que o insecto demora a desenvolver-se. Cada fêmea põe 200 a 300 ovos. Uma palmeira pode albergar até 1000 indivíduos prontos a voar – e podem voar durante cinco a dez quilómetros sem parar, contra o vento. Por vezes, apanham boleias, alerta Carlos Gabirro: “Tenho visto pessoas a porem os restos das palmeiras à porta de casa e é um erro muito grande. Os restos libertam odor, que chama mais insectos, e depois são recolhidos pelos camiões dos serviços camarários. No caminho, a praga espalha-se”.
Não se sabe quantas palmeiras já morreram, mas serão muitas centenas, que se traduzem em milhares euros de prejuízo para câmaras e privados. Em Lisboa, por exemplo, a câmara tem cerca de 600 palmeiras em tratamento e já abateu 359, tendo gasto 180 mil euros. O custo médio do abate e remoção dos resíduos infestados (sem incluir o custo de incineração) varia entre os 350 euros e os 1500 euros. A autarquia tem mais 1288 plantas sinalizadas para abate – das quais 693 estão em terreno privado. E até as palmeiras do jardim da residência oficial do primeiro-ministro, no Palácio de S. Bento, já foram atingidas. O caso já foi comunicado às autoridades.
“Os municípios à volta de Lisboa não têm feito o trabalho de casa”, denunciou o vereador dos Espaços Verdes numa reunião da câmara da capital, José Sá Fernandes, em Janeiro. Mas em Cascais e em Oeiras, por exemplo, as câmaras garantem ter as suas palmeiras debaixo de olho: em cada um dos concelhos foram abatidas 28 plantas desde que a praga foi detectada.
Abates no Porto e em Coimbra
No Porto, a câmara anunciou em Janeiro que está a tentar salvar as 63 palmeiras centenárias do Jardim do Passeio Alegre, classificadas como Árvores de Interesse Público. Em Dezembro foram abatidas 35 noutros pontos da cidade. Em Coimbra, o vereador do Ambiente, Luís Providência, admitia à Lusa que o problema é “dramático”. A câmara teve já de abater palmeiras históricas no Parque da Cidade, “algumas quase centenárias” e com pelo menos 20 metros de altura, afirmou. Também na Av. Sá da Bandeira, onde as palmeiras são uma “imagem de marca”, houve abates.
Etiquetas: Escaravelho das Palmeiras, Palmeiras
3 Comentários:
No bairro onde moro os jardineiros (?) da autarquia limitaram-se a cortar as folhas da palmeira doente ali existente, agora mantém-se o tronco da palmeira com aspeto apodrecido no topo.
Já se abateram dezenas de palmeiras na Portela. É do conhecimento dos serviços camarários sem que estes mostrassem qualquer interesse na solução do problema .Pelo que acima li há legislação em vigor que ninguem cumpre, sobre o tratamento e abate de palmeiras,cujo teor mostra quão ridículo é legislar, quando se sabe à partida que as entidades oficiais tem meios e não têm vontade de cumprir ou fazer cumprir a lei. Parafraseando um amigo, isto é um reflexo do apetite legislativo inconsequente que torna obesas as larvas do casulo de São Bento . Se não se podem exterminar temos que os reduzir e controlar ... escaravelhos e outras pragas.
E na Portela?
Será que nem uma Palmeira das mais antigas se irá preservar?
Ainda ha algumas das velhinhas no Jardim do Seminario.
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial